quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SILÊNCIO

Ouço poetas,
me alimento de versos,
escuto instalações, esculturas e pinturas,
atravesso desertos sem fim.

Noutras horas, quase me afogo marés.
Se o silêncio me grita,
sou culpada por falar ou calar.
Tanto faz.

Cai sobre mim a sentença de todos os conflitos
e nunca escapo as sanções:
Supero o medo:
não por coragem ou insensatez.

É inevitável
que as letras me invadam
e o inusitado
se coloque como um susto de mim mesma.

Faço semblante a quem não sou.
Habito personagens estranhos.
Outros nomes me chamam e são.
Sou carregada pelo sol, pela chuva, ventania

Zoombido de folha virada, caída, varrida,
flores, pragas, sementes e jardins - como já disse o poeta.
Amanhã serei a próxima página.
Quem saberá?

Meu tempo-quando é o próximo século.

Novamente.

Do livro Infinito.

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