quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

OS VENTOS QUE ME PASSARAM

Chegaram-me. Entre, ventos
tudo aquilo que por nós -
por pressa, solidão ou urgente sobrevivência -
fôra calado.

Chegaram entre ventos
os choros contidos,
tudo que nâo fôra dito,
tudo que sonhado
tenha sido arrastado
pelas auguras do viver.

Repousam entre ventos e tempestades,
todas as verdades
caladas entre nós
imputadas ao existir e ponto.

Chegaram entre nós.

Chegam, agora, mesmo,
enquanto te escrevo,
uma carta de amor,
cuja significação da palavra amor,
caberá apenas entre nós dois
e mais ninguém.

Entre nós, a brisa infinita do que não fomos,
do que apenas podemos,
do que sobrevivemos
meu braço, agora, sobre o teu,
braço incansável,
amor,
em acreditar.

Dormes, agora, sem minha agonia senhora,
dormes, agora,
sonha
e, amanhã, tua crença acalantará
sublimes gestos.

Do livro Infinito, 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário