quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Café

Clarice num canto,
traga apenas maços de cigarro.
Alianças invisíveis a empurram pra concretude.
Ela, toda abstração,
passeia pelo céu,
olhares de crianças.
O céu transborda os pensamentos do século XIX
e chega ao indizível.
Seis anos é a idade do céu,
dizia Moska.

Enchentes

Terra
Tremas
Terremotos
Destroços de nós

Alagamento

Lama
Levita
Monge
Budista
Imaniza
Contraste
Sem traste
Partida de futebol

Incêndio

Vulcão de duas,
golpe fatal,
que tal,
a tal
é o que pergunta.
Desnuda segredos,
enquanto as larvas
da solidão
Devoram o coração,
ou não.

Mares

Transita por entre
Ondas
Espera
Esporro
Balada
Areia
Coca
Cocares
Mestiços
Mulatos
Negros
Coloridos
Todas as dores do mundo
Escutam-se
Na palma de sua mão.

Explosão

Visitei Aurélio pela manhã,
mas a linguagem,
quando tirou as tremas,
criou tremores, vulcões,
alagamentos e enchentes.
Fiquei pelas ruas,
tal qual Gentileza,
no depois do circo pegar fogo,
no rio centro,
11 de setembro,
Paquistão,
Afeganistão.
As dores dos mutilados
me habitam.

Calados e risos

Habito
Sociedade
Daslu,
Daspu,
Da vida

Flores de Plástico, 2010.

Trovões

Os raios abriram as mentes
Criativas dos poetas
E a universal música do haver

Os trovões anunciaram
Trem das cores
Alegria, alegria

Anel de turquesa
Obra em progresso

Parada

Estação

Olimpíadas

E o poeta,
Simplesmente
Alterna

Lógico dedutivo
E
Levitação

Raios

Trovoadas e raios
Avessaram as pernas dos artistas
E ficamos todos
Frente ao sítio
Gerações
Perguntando-nos
Se poderíamos trocar as pernas de paus,
Pelas nossas pernas
Assim, jardim do haver
Sementes e flores.

Vulcão

Raízes elevadas ao quadrado
Os ciúmes da neguinha,
Avessando o viver,
Na demagogia,
Fogueira de vaidades,
E o poeta,
Ai, o poeta,
Entendendo todas as dores do coração,
Coloca letras no indizível.

Katrina

Os alardes da idade do céu
São avessados em leitura inconsciente
quer id presa
Porque o amor também mata.
Os alardes do céu,
Escrevem linhas tortas,
Tortuosa estrada do viver
E do haver.
Assim, avessa ao tempo,
Fazendo passagem, coragem, transição
E transação.
Desnaturalizados os fenômenos.
Resta-nos, ao Alá,
essas humildes linhas que fazemos agora.

Tempestade

Singela
Haver
Somente
As dívidas, ingratidão e decepção,
Marcaram um coração ferido.
Tom Capone passeia pelos meus versos,
Sobreviventes,
Heróis,
Marginais,
Revirando golpes,
Em liberdade

Eventos

A Inglaterra se apressa
Em traduzir as leituras aprofundadas
Ao refinamento da colonização americana.
Espanha
Japão
Chegou-se ao momento em que a tecnologia
Da TV padrão
Encontrou com os povos,
Meninos do morro,
Sodoma e Gomorra,
Com bonés que escapam,
A fragmentação dos comandos,
Num cruzamento de fogo,
Água santa,
Pensa assim,
Desfazendo fragmentação,
Para compor junto
aos meninos da favela.

Sol

Desde o primeiro tempo,
já se prenunciava,
Duas cabeças dinossauro
Alertando aos golpes do fascismo -
histórias repetidas -,
o poeta rápido,
quis construir a novamente.
Entre China, EUA,
China, Venezuela,
Brasil,
Peçamos desculpas
Holocausto
Hiroxima e Vietnã.
Lasers, tecnologia
Todas as etnias, credos e cores
arco-íris,
Meninos e meninas
Há o haver
E o não haver não há.
O poeta Gueixa de Veloso,
nossa mel.

Nublado

Baleiro
No heavy metal do Senhor
Anjos decaídos
Nublam estrelas, três marias,
As cores do céu
Que é verde-azul
Que se convertem em lilás,
Anjos decaídos do Senhor.
Israel.

Coerência

Nem vem
De novo
Moska e Duncan,
Já disseram
Mexida no ventre
Não mente
Não.

Do livro Violetas, 2010.

Enchentes II

Estou entre chuvas, tempestades, fogueiras;
As vaidades ardem a pele,
Que desliza na inutilidade.
O ser vistoso e belo é
Nada mais
Que a água parada no rio,
onde Narciso se afaga.

Maremoto

Revolta
Mano
Motorola
Gritaria
Poeta
Paz e amor

Corredor

Ao Ney e Pedro
Granizo
Avoado
Capacete
Orbital
Livro Dois, 2010